PERGUNTA:
O ano está chegando ao fim e eu gostaria muito de iniciar um novo ano deixando pra trás essa vida que não tem mais sentido pra mim. Sou funcionário público, e enquanto muitas pessoas estão procurando por trabalho, eu tenho vontade de desistir do meu. Não tenho mais ânimo para continuar. Mas ao mesmo tempo sinto medo de abrir mão de um trabalho onde tenho estabilidade e segurança de um salário fixo com o qual eu posso suprir as minhas necessidades físicas. Só de pensar em pedir exoneração do cargo, sinto fisicamente os sintomas do desamparo e do medo, pois sei que terei que lidar sozinho com as consequências da minha escolha. Mas também sinto que se eu continuar onde estou, vou adoecer.
RESPOSTA:
Filho, todo processo de mudança é gradativo. Pense como se sente um elefante que passou a vida toda acorrentado em um circo. Ele tem a força necessária para se libertar, mas não sabe disso. Ele poderia romper a corrente a qualquer momento, mas teria que encarar um mundo novo para ele, um mundo de liberdade, mas também de incertezas. Enquanto está ali, ele tem a previsibilidade ilusória da vida. Tem a sensação de proteção, mas que também é uma ilusão. Toda a vida na matéria é uma ilusão.
Agora pense em um pássaro que foi capturado e vive em uma gaiola. Ele viveu ali por tanto tempo que já não se lembra como é ser livre, como é viver apenas confiando na providência divina. Pois, você acha que os pássaros ficam preocupados se terão o alimento do dia seguinte? Se terão um abrigo para a chuva de logo mais? Não, eles se entregam completamente ao fluxo da vida, eles são tão unos com a criação e integrados com o meio onde vivem, que apenas vivem na confiança de que tudo lhes será oferecido e suprido. Com isso, conseguem voar e desfrutar a vida, com leveza e graciosidade.
Dentro da gaiola ele não teria a possibilidade de desfrutar a vida, mas teria a oportunidade de experimentar a sensação da libertação assim que a porta da gaiola se abrir, e assim ser ainda mais grato pela vida.
Talvez tivesse um pouco de dificuldade em se desconectar da energia que o aprisionava (o medo), mas com o tempo, a natureza se regenera, e tudo retorna ao fluxo natural da vida, onde a abundância de recursos se faz e o alimento chega trazido pelas mãos de Deus.
Dê o passo quando se sentir preparado para abdicar da prisão e voar para fora da gaiola. Quando se sentir forte para romper a corrente. Mas saiba que a força incorporada para a sua libertação não pode ser abandonada, ela deve continuar a fazer parte da sua vida. A fé que a move para a mudança deve permanecer e alimentar em ti a confiança e a entrega, para que flua naturalmente e consiga se desprender completamente daquilo que o controlava.
Ancore a força do elefante e a leveza do pássaro. Essas duas energias lembrarão você do que é necessário para seguir na direção dos seus sonhos.
Osho
Gratidão aos leitores que contribuem com esse trabalho, que atinge milhares de pessoas levando a irradiação dos raios cósmicos da Grande Fraternidade Branca!
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