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sábado, 27 de fevereiro de 2021

A Maternidade e o Sagrado Feminino - Independência e liberdade



A independência é relativa quando se tem como parâmetro o processo de retomada da sua essência para a Ascensão.

É verdade que isolados e independentes, somos mais centrados em nossa verdade, silenciando em nós mesmos. Mas porquê então é que vivemos em sociedade?

A vida na Terra é preparada para oferecer as condições perfeitas para a ascensão de todos os seres, para a elevação através das experiências e da convivência em sociedade.

Então nos perguntamos porquê viver em sociedade muitas vezes nos coloca em desequilíbrio, e encontramos momentos de paz e centramento quando isolados e sozinhos?

A independência precisa ser interpretada da forma correta quando se fala em ascensão, pois as relações são essenciais para a elevação dos seres ao estado pleno de Amor Divino.

Quando falamos de independência necessária para que se dê o processo de purificação, falamos do não apego, mas preservando a consciência de que vivemos em sociedade e precisamos uns dos outros para a nossa evolução.

A independência acaba quando nos tornamos pais? Podemos falar da independência relacionada à liberdade, que também é relativa e mal interpretada, pois muitos pais relatam perder a liberdade após o nascimento dos filhos.

Cada ser humano se manifesta da maneira que aprendeu durante toda a vida, da maneira que foi moldado a se manifestar, e isso forma a sua personalidade. A vida em algum momento acaba por se estabilizar em um estado de paz e organização, onde moldamos tudo à nossa volta para atender às nossas necessidades.

Mas o que muitas vezes não somos capazes de perceber, é que podemos moldar uma vida toda para acariciar nosso ego, e impedir-nos de evoluir. Nos colocamos em uma zona confortável, preparamos o ambiente e a vida para não nos aborrecermos, para não sermos enfrentados nos pontos específicos que necesitamos evoluir. Nos acomodamos.

E o que o fato de nos tornar pais interfere nisso? Em absolutamente tudo! Começando por você ser obrigado a aceitar que não tem controle sobre a sua vida ou sobre a vida do seu próprio filho, pois ele é um indivíduo único.

Todas as fórmulas que nos ensinaram não funcionam, ou até pode acontecer de algumas delas funcionarem em partes, mas a verdade é que estamos diante de um ser humano único, e não há fórmula para criar seres humanos, pois somos muito diferentes entre nós.

A liberação do controle e da preocupação, gradativamente, nos levará novamente ao nosso centro de equilíbrio, quando atingirmos o estado de paz e aceitação de que nada está em nossas mãos, somos meros instrumentos de Amor para manifestarmos a vontade o Pai até no papel de tutores de uma criança que acaba de chegar a esse planeta.

Nos colocando nessa posição de compreensão, torna-se mais fácil relaxar diante dos desafios. Percebemos que a independência se trata também do desapego e da entrega completa ao fluxo da vida.

A independência está relacionada ao desapego do que éramos, do controle e da necessidade de transformarmos os nossos filhos em miniaturas de nós mesmos, ou do que gostaríamos de ter sido na vida e não conseguimos. Essa é a verdade.

A liberdade de ir e vir continua, quando nos entregamos ao fluxo, à vontade do Amor, que mostra a nós através da intuição o caminho a tomar. Quando nos centramos em nós mesmos, somos livres.

São necessários momentos de interiorização, solitude e centramento. Para sermos bons instrumentos do Amor, se faz necessário silenciarmos as vozes da mente, que trazem à tona os nossos medos, preocupações, e a necessidade constante de moldarmos a vida dos nossos filhos e a rotina da família dentro do que consideramos perfeito e correto.

Dentro da perfeição Divina, não há certo ou errado. E por isso se faz tão necessário o silenciar, para que possamos ouvir a voz da consciência, clamando por cessarmos os processos mentais e esvaziarmos o interior.

Quando nos tornamos vazios, nos colocamos dispostos como um vaso a receber uma flor, a receber um perfume, a receber vida e pureza. Mas também podemos preencher esse vazio com manifestações do ego insaciável, que constantemente tenta trazer nossos traumas e dores para as novas relações do presente.

Temos a tendência de trazer nossos medos de infância para a educação dos nossos filhos, de repetir os erros, de construir mais uma geração dentro dos costumes daquilo que fomos criados.

É natural que um bebê em uma família estará aberto a receber o que for mostrado e ensinado, mas quando trazido de forma impositiva e até mesmo resgatando antigas “tradições” familiares, trazemos junto o desequilíbrio e os problemas envolvidos naquelas escolhas, impedimos esse novo ser de manifestar a sua verdade, independentemente do meio em que é colocado.

Qual seria a forma de construirmos um ser humano independente, assim como gostaríamos de ser?

Permitindo que se manifeste em suas características naturais, livre!

Os moldes que nos colocamos como sociedade, nos impedem de evoluir. Os que se destacam são os que rompem os padrões, inovam, trazem novos olhares para o antigo, transformam. São os inquietos, os insatisfeitos, os inspirados.

Independência vem de berço, onde permitimos que nossos filhos manifestem quem são desde o princípio, sem impor sobre eles nossas crenças, dores e medos.

É difícil? Sim! Pois a maioria de nossos medos e restrições não somos capazes de perceber, e nos tornamos apenas repetidores de padrões. Acabamos repetindo comportamentos de nossas mães para com nossos esposos, ou vice-versa, acabamos repetindo comportamentos que nossos pais tiveram conosco, com nossos próprios filhos.

Para que possamos perceber essas repetições, se faz necessária a meditação, com o objetivo de purificação de todas as informações gravadas em nosso inconsciente, limpando gradativamente através do silenciar da mente, tudo o que fomos programados.

Quando permitimos que nossos filhos sejam livres, tornamos não apenas a nós mesmos independentes, mas eles também. Quando impomos a eles nossas crenças, medos e desequilíbrios, fazemos com que sejam dependentes de toda nossa história familiar. Se gostaríamos de ser livres, então um bom começo é trabalhar na libertação desses padrões em nós, para não repetirmos o sofrimento de gerações para nossos filhos.

Todos precisamos de independência… de nos libertarmos dessa dependência familiar que apenas arrasta sofrimento por tantas vidas quando repetimos padrões e sofrimentos geração pós geração.

Mas quando falamos da interdependência, abrimos o leque da consciência e o coração abraça o novo. A compreensão de que todos somos Um nesse planeta, nos coloca em uma condição nova, que não foi antes experimentada por nossos pais, mas que é necessária para os habitantes do mundo a partir de agora.

Ideias acerca da interdependência são trazidas por respeitáveis estudiosos há muitos anos. mas a compreensão sobre esse tema ainda é muito pequena porque passamos gerações atrás de gerações repetindo padrões de apegos familiares.

Quando percebemos que nossas ações repercutem até mesmo em um outro ser humano habitante do lado oposto do planeta, em uma simples flor plantada do outro lado extremo desse plano, começamos a compreender o significado do abrangente conceito da interdependência. Quando criamos nossos filhos com essa consciência, de que suas ações e pensamentos estão totalmente relacionados a todos os acontecimentos do planeta, então estamos trabalhando para formar um humano consciente, alinhado ao que a Nova Terra está para construir a partir de agora.

A compreensão de que somos seres interdependentes, nos afasta do apego, da repetição de padrões, pois nos faz questionar absolutamente tudo que nos é ensinado, sob um novo olhar, trazendo responsabilidade por nossas ações sob o ponto de vista de amor ao próximo.

O fato é que não fomos criados independentes, fomos criados a partir de crenças limitantes, e levamos toda uma vida para nos livrarmos delas. Quando despertamos para a verdade da existência, percebemos a quantidade de “lixo” que carregamos em nossa mente, em nossas memórias e em nossa vida. Isso nos torna escravos de um sistema imposto a nós e que a partir de certo momento passou a ser auto-imposto.

É escolha nossa se iremos passar adiante essa forma de controle e limitação da expansão da consciência para nossos filhos, ou se iremos criá-los livres.

Seremos independentes quando nos limparmos de todas essas informações gravadas em nós, que nos impede de sermos livres e manifestarmos nossa pureza interior.

Ao nos tornarmos pais, nos percebemos em uma condição de passividade muito grande, pois somos praticamente obrigados a aceitar que não temos o controle das coisas.

O sofrimento e a ideia de dependência vêm da tentativa de controle, de continuarmos a viver nossas vidas como repetidores de padrões que nos colocam em uma zona de conforto, onde nossas mentes se acalmam ao saber que estamos seguros, pois esse caminho já é conhecido e trilhado por nós.

Nos perdemos em meio a opiniões trazidas pelos familiares acerca da educação de nossos filhos, o que muitas vezes acontece por nós mesmos, que levamos de forma inconsciente a forma de eduçação imposta pela herança familiar para nossos filhos.

A independência vem de berço, de criarmos seres independentes, e não dependentes de uma teia familiar que repete padrões e escolhas há gerações. Mesmo que de forma inconsciente, observe se não vem repetindo comportamentos ou manifestando os mesmos medos de seus pais… Os filhos são livres, merecem começar uma vida de forma independente, sem estarem amarrados a restrições de tantas gerações.

A vida se torna mais leve quando soltamos tudo isso. É uma oportunidade para liberarmos o que estamos há tempo carregando, e criarmos nossos filhos de uma forma única, leve, livre e em paz.

Michele Martini - outubro de 2020

Fonte: www.pazetransformacao.com.br