Estive dentre vocês como um simples homem. Aquele que não tinha identidade, pois nem eu mesmo sabia quem eu era.
Passei uma vida toda buscando o meu Eu. Não sabia o que era o Eu Superior, não tinha o conhecimento de vocês, a riqueza de informações que vocês têm hoje. E por isso, joguei-me ao chamado do meu coração.
Permiti que a minha vida fosse levada apenas pelo amor. Entreguei-me nos braços de Deus. E o meu alimento era ver as pessoas felizes, saber que conseguia ao menos aliviar as feridas dos seus corações com as palavras que saiam das escritas.
Eu não sabia de onde vinham as palavras, mas aos poucos fui aprendendo que não eram as minhas ideias, mas sim aquelas que faziam parte da sabedoria que eu já tinha, e passei a acessá-la. Emmanuel me ajudou nessa busca, nesse encontro com a minha verdadeira identidade. E então vocês puderam observar o humilde Chico escrivão proferir palavras de grande sabedoria, onde não mais era necessário falar apenas através de psicografia, mas onde eu aprendi a acessar a minha própria sabedoria, contida nos meus registros de alma.
Emmanuel, assim como todos os espíritos que vieram me ajudar, foram aos poucos me guiando à minha verdadeira identidade.
No princípio, eles apenas eram aqueles que traziam as mensagens, eu não via aquilo como um guia para me levar ao encontro comigo mesmo. Eu estava na busca pela minha verdadeira identidade. Algo queimava em meu coração. Eu não conseguia entender porque não me sentia completo e o meu coração sentia as dores do queimar, do ardor. Não sabia o porquê tinha aquela ânsia em buscar por algo, mas eu mesmo não sabia o que era.
Os meus amados irmãos, espíritos que me traziam mensagens através da psicografia, foram ocupando a minha mente que buscava por explicações, que se perdia na própria busca da vida. Eu não me identificava com o meu trabalho de escrivão, assim como não me identificava com nada que fosse colocado como adjetivo após o meu nome, mas apenas aceitava, e estava bom porque rendia o meu sustento. Mas eu levava a vida leve apenas porque os espíritos estavam presentes na minha vida, a me trazer exemplos de superação, de amor e de libertação.
Aprendi como se passasse várias vidas a estudar na presença de vários mestres, com esses amados irmãos, e também com aqueles que vinham buscar auxilio, onde eu via as minhas próprias dores, meu próprio sofrimento em outras personalidades, apenas manifestados de outras formas, mas as respostas eram as mesmas que acalentavam também o meu coração.
Então fui descobrindo aquele homem que nascia, e ao qual fui me identificando, aquele que eu não conhecia, e não sabia se era o escrivão, ou o médium, ou o irmão, ou o filho, ou o amigo, mas apenas era alguém que não se identificava com nenhum desses personagens. Ele transcendia todos esses Chicos, para então se tornar algo maior. Pois fui me fortalecendo, fui percebendo que estava me tornando algo maior, mais forte, mais sábio.
Todos os aprendizados da vida, todos os ensinamentos recebidos de todos os amados que estavam em minha volta, foram apenas me trazendo a recordação de quem eu realmente era. Foram mostrando para mim que eu não era o Chico escrivão, e que também não era o Chico médium, e que também não era nenhuma das personalidades às quais me identificava hora ou outra. Pois sim, queridos irmãos, ao libertar-me de uma identidade, eu logo tentava me apegar a outra, e assim foi a minha caminhada.
Então após muitos anos, eu já não via o Emmanuel como algo diferente de mim. Eu era ele, e ele era eu. Nós estávamos conectados na mesma energia, nós falávamos as mesmas palavras. Pois ele foi me guiando, através da personalidade a qual se apresentou a mim, ao meu encontro comigo mesmo.
O Emmanuel não tinha personalidade, o vocabulário que ele usava, as vestes, o jeito dele comigo, era apenas um reflexo de mim mesmo. Ele me mostrava o que eu era, em um nível mais elevado, que era a conexão com o Eu Sou. Ele estava ali apenas para me levar ao encontro do Eu Superior, do verdadeiro Eu.
Ele era Jesus, vocês dizem. Era Jesus, assim como era Maitreya, assim como era El Morya, assim como era São Francisco. Ele não tinha personalidade, ele era apenas um reflexo da minha manifestação mais pura. E foi para mim um guia para encontro com o meu aspecto mais elevado. Conectou-me com a sabedoria que eu já tinha, levou-me ao encontro de todo o meu Eu, em sua plenitude e completo em luz e sabedoria, em paz.
E assim foi o meu aprendizado nessa vida, em desconexão a todas as personalidades, mas que naquele momento não compreendia dessa forma, fui apenas me permitindo ser levado pelos meus guias, seguindo o que era recebido como orientação, que hoje compreendo ser uma orientação que vinha de eu mesmo para mim. Pois Emmanuel era a manifestação do meu Eu Superior, representado em uma personalidade, pois na matéria era apenas assim que eu poderia entender todo o processo.
E assim trago o exemplo a todos vocês, para que compreendam da importância da desconexão com as personalidades que são apresentadas para vocês durante as suas experiências individuais na matéria. E para que compreendam e vejam em cada um que se apresenta diante de vocês, um mestre, que leva apenas a um caminho, a mostrar a vocês a estrada de encontro com vocês mesmos.
Com essas singelas palavras, deixo o meu grande abraço com amor.
Chico Xavier
Canal: Michele Martini - 30 de maio de 2017.
Fonte: www.pazetransformacao.com.br