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O sentimento de unidade, quando passa a se manifestar, nos causa confusão. Pois junto ao sentimento de integração sentimos um vazio tão grande onde já não acreditamos sequer em nossa própria existência. De fato, já não sabemos se somos reais ou uma mera ilusão da vida nessa experiência.
Sim, o sentimento de unidade é algo um tanto quanto
amedrontador, pois percebemos nossa própria consciência se diluindo em um
oceano totalmente desconhecido. Não sabemos se realmente existimos, bem como o
que iremos encontrar do outro lado. Mas não há como voltar, pois o antigo Eu se
desfez diante das duras provas e de todo o processo de purificação pelo qual
passamos por vidas e vidas. Ele deixou de existir então deixamos todas as nossas
referências do passado, e já não sabemos para onde vamos. É um sentimento de
estar perdido que só resgatamos ao pegar na mão de um Mestre, que nos conduzirá
com todo amor.
Esse é um sentimento, que um dia ouvi de um Mestre, como
sendo como um rio quando chega ao mar, que ainda olha para trás e tenta se
segurar com medo do que virá, pois o sentimento de unidade vem acompanhado de
um vazio enorme, onde já não nos identificamos com o Eu Inferior, mas também
desconhecemos o que estamos nos tornando, se é que existimos.
Continuamos a viver a vida, mas passamos a ver tudo isso como
uma representação tão ínfima do que existe... E para ser honesto, isso é
atormentador. Simplesmente duvidar de sua existência, sabendo que, no fundo, esse
corpo é uma mera manifestação de uma memória do akáshico de algo muito maior,
que se fez em personalidade humana.
Quando nos vemos como uma singela chama de uma energia muito
maior e percebemos que sequer existimos, senão em uma realidade tridimensional
planetária, é algo um tanto confuso. Pois os nossos sentidos físicos se manifestam
na matéria, como um Eu Personalidade que vive seus dias, e interage com outros
que estão em situação semelhante. Mas vislumbramos que esse Eu que vive seus
dias aqui já não existe, ele está em conexão a tudo, e o que sobra é o nada. O
sentimento de que nada importa e tudo está bem, sempre bem.
A diluição da própria consciência ao Eu Sou, é a expansão
maior do sentimento de unidade, onde deixamos de sentir as divisões e as
barreiras que nos separam de Tudo O Que É, embora nossos olhos e nossos
sentidos físicos nos digam exatamente o contrário. A mente simplesmente não
compreende o que está a ocorrer, e temos que conviver com esse sentimento.
É um sentimento paradoxal que nos preenche, pois esse vazio,
junto desse anseio de unidade, de conexão a uma energia muito maior que é
inexplicável à nossa mente, de certa forma nos causa medo e confusão.
Quando deixamos de ter a certeza do que somos, inclusive de
nossa própria existência, e passamos a ter como única certeza que nossa
consciência, como manifestação de uma energia muito maior, tornar-se-á uma
memória aglutinada ao registro akáshico de nossa presença Eu Sou, nos vem a
dúvida e junto a certeza, de que muito pouco somos nessa vida. Nos vemos
enquanto Eu Inferior que tantas vezes protegeu com tanto afinco sua honra,
seus bens e tudo que pensava possuir.
Ao mesmo tempo olhamos para trás e já não nos encontramos,
percebemos a cada dia nossa consciência se diluindo nesse mar, pois algo está a
nos chamar. Descobrimos um mundo fantástico, multidimensional, cheio de magia e
sem limites, que se apresenta e que é muito encantador. Um mundo onde o tempo e a
distância, em termos quânticos, tornam-se irrelevantes, e uma sabedoria enorme
está simplesmente ao nosso acesso, sem que sequer saibamos como ela foi criada.
Essa é a sensação daquele que se percebe como um córrego
diante do oceano, uma fagulha diante da luz que representa. É essa a sensação
que nos vem quando nos damos conta que a nossa consciência sequer existe, mas sim
apenas um corpo físico que se manifesta em seus dias, interage, mas já
desprendido e cheio de dúvidas quanto ao que virá.
O conflito se instala, pois simplesmente se torna
aterrorizador a inexistência da palavra Eu. Essa palavra, do dia para a noite, perde seu significado, e pode ser substituída pela expressão “esse corpo”.
Porque o Eu se torna a unidade, e com esse olhar simplesmente deixamos de ver a
divisão. Mas isso não é uma compreensão, mas um olhar, um sentimento, que se
manifesta ao nosso redor, junto do amor por tudo.
Mas nesse ponto a dúvida que surge é: Como será o futuro?
Pois como posso esse Eu que sequer existo continuar meus dias nessa realidade, sabendo que tudo não passa de um grande jogo, de um banco de experiências, que
se agregam ao registro Akáshico de uma energia que sequer somos capazes de
compreender?
O sentimento de vazio total é algo que, ao mesmo tempo que
nos amedronta, nos provoca a experimentar mais dessa sensação de inexistência e
conexão ao todo.
Simplesmente, agora compreendo o motivo pelo qual tantos
humanos preferem se manter a viver a vida tridimensional, sem buscar por algo
mais elevado. É simples, é cômodo, e nos permite saborear a matéria com toda a sua intensidade, sem alimentar dúvida nenhuma quanto à própria nossa existência. Pois os
sentidos físicos nos comprovam, a cada segundo, a nossa existência física, e,
quanto a isso, é cientificamente comprovado a existência de um corpo biológico, que se manifesta em seu próprio meio, no meio que foi desenvolvido para
existir.
Mas quando o rio se aproxima do oceano, e percebemos o que
realmente somos, a dúvida se instala, e imediatamente saímos de uma situação
cômoda e conhecida para algo que sequer temos ideia do que se trata. Esse
sentimento é algo conflitante, que intriga aqueles que já não se veem como
existentes nesse plano.
Muitos dizem que gostariam de experimentar uma conexão
maior, mas isso talvez signifique abrir mão de sua própria humanidade, deixando
de compreendê-la como nos ensinaram, para que possamos simplesmente retornar à
realidade que viemos. Uma energia que se dilui na imensidão do cosmos.
Estejam em paz.
Thiago Strapasson - 12 de maio de 2017.
Fonte: www.pazetranformacao.com.br