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domingo, 23 de outubro de 2022

O meu amor por Guruji - cap. 3


Jai Gurudev!

Acho que nem preciso comentar que os últimos anos, desde o inicio da pandemia, tem sido desafiadores para muitas pessoas. Todo o equilíbrio alcançado através de práticas diversas no âmbito da espiritualidade ou terapias, acabou sendo ameaçado.

Quem não manteve suas práticas acabou se desequilibrando. Também aqueles que mantiveram suas práticas, mas que por algum motivo não estava contribuindo para sua verdade interior e amor verdadeiro, caiu por terra.

E assim foram os anos da pandemia. Eu, grávida do primeiro filho, e em meio à pandemia. Parei com todos os trabalhos espirituais, atendimentos e práticas.

A vida me desafiou para que eu mantivesse meu equilíbrio intacto, e confesso que acabei sendo derrotada por um bom tempo.

Quando percebi o estrago, já estava apresentando sinais de crise de ansiedade e depressão. Foi a hora de jogar para o universo que eu necessitava de mudança.

O médico psiquiatra receitou remédio controlado que eu tomei por um dia e queria morrer, de tão mal que me fez. Jurei para mim que não me entregaria a esse tipo de tratamento.

Comecei a pesar o que na minha vida estaria contribuindo com o meu desequilíbrio, e percebi que era o meu trabalho.

Desde que eu tinha retornado ao trabalho, após a licença maternidade, encontrei um ambiente diferente do que era quando eu saí. Eu saí de licença no segundo mês de pandemia. As pessoas ainda estavam tentando entender o que acontecia. Mas quando eu voltei, todas estavam mais adaptadas à nova realidade, e a separação do joio e do trigo já tinha iniciado.

A grande maioria tinha se entregado ao espírito competitivo e instinto de sobrevivência, absorvendo por completo o medo imposto pelas mídias sociais. Poucos ficaram de fora dessa nuvem pesada energética. Os que ficaram de fora, acabaram mudando a rota da vida, saindo da empresa e procurando outros desafios. Ou a empresa mesmo já tinha dado conta de dispensar aqueles que já não vibravam na mesma sintonia de competição e egoísmo acirrados.

Eu me vi em um ambiente que não transparecia mais a verdade. As pessoas se moviam, falavam, decidiam, faziam absolutamente tudo, como robôs. Eu conseguia ver isso claramente. As atividades que eu executava passaram a não ter mais sentido para mim, pois não eram verdadeiras, não tinham um começo, meio e fim. Eram vazias, sem propósito, sem amor.

As pessoas não tinham mais o brilho nos olhos. Eram movidas pelo medo e pela competição. Junto à triste falsidade nas relações.

Antigos colegas que viviam sorrindo e trabalhando de forma amorosa com seus pares, tinham mudado a forma de atuar. Eu os via e enxergava uma sombra dentro de seus olhos, mesmo nas de reuniões online por vídeo.

Eu ouvia várias reclamações de colegas sobre crises de ansiedade, pânico, medo, etc. Muitos tinham começado tratamentos psiquiátricos ou acompanhamento terapêutico com psicólogos.

Eu procurei manter a minha verdade, continuar como sempre fui, nutrindo as relações em primeiro lugar, olhando amorosamente para o outro, ainda que o olhar de retorno que eu recebesse não fosse o mesmo. Mas obviamente que a minha estabilidade ali estava ameaçada. Eu já não fazia parte da grande massa daquele lugar, eu estava fora do sistema.

Comecei a perceber isso com muita facilidade porque foi nesse ano que me formei como Consteladora Sistêmica.

As minhas crises de ansiedade vieram apenas das tentativas em me moldar àquele novo sistema, que estava sugando as minhas energias e me deixando fraca e sem vida.

Eu me olhava no espelho e parecia estar vendo uma pessoa morta, só a pele, sem espírito. Era horrível.

Eu não praticava Atma Kriya Yoga porque não tinha tempo. A maternidade me trouxe outras prioridades e abri mão de muitas coisas para estar com meu filho no tempo que me sobrava antes e após o trabalho (inclusive madrugadas).

Quando completei um ano após de retornar de licença maternidade, fui desligada do emprego. O mesmo aconteceu com outras colegas que retornaram de licença anos antes. Uma delas entrou em crises de pânico ao retornar ao trabalho, mas conseguiu estabilidade de um ano e depois disso foi desligada. Outra foi desligada no mês seguinte após retornar de licença maternidade, também apresentando crises de pânico graves que eu presenciei pessoalmente pois foi antes da pandemia.

Isso infelizmente acontece em algumas empresas. E finalmente fui afastada desse local para me curar e ser feliz.

Fiquei alguns meses sem trabalhar, respirando, me curando, viajando, planejando... e acabei mudando para o interior de São Paulo para trabalhar no Vale da Paraíba.

Vejo esse período que passou como uma oportunidade de cura. Fiquei nessa empresa por 4 meses apenas. Mas a mudança me fez muito bem.

Saí de lá para trabalhar novamente em algo que amo de verdade, embalagens de cosméticos, e mais importante: em uma empresa que levanta a bandeira da Inclusão Social e tem isso na essência. Estou muito feliz. A vida deu voltas e voltas, e me trouxe algo melhor, muito melhor do que eu tinha antes.

Estamos aqui em Sorocaba desde então, como contei anteriormente.

Após o sonho com Guruji me inciando como devota, comecei a me sentir cada vez mais próxima Dele, já comecei a fazer orações a retomar as práticas de Atma Kriya Yoga gradativamente.

Mas o desequilíbrio emocional ainda conseguia me enlaçar por completo. Eu me vi diversas vezes com explosões de raiva e irritação devido a motivos diversos, coisas da rotina diária. Precisava muito de um equilíbrio na minha vida.

Foi quando em oração pedi ajuda a Guruji.

No dia seguinte tive um sonho: Uma swamini conversava com Kamadhenu Das em um local que parecia um refeitório do Ashram da Alemanha. Eu e Theo Muni também estávamos ali. Kamadhenu tratava com a swamini de suas curas pessoais, e eu estava interagindo com as pessoas do local com o Theo Muni no colo. Falávamos uma língua estranha.

Depois dessas interações, me vi em um local onde havia uma mesa e uma cadeira. Era um espaço ao ar livre com natureza em volta, com um jardim. Eu estava sentada na cadeira em frente a essa mesa. E na mesa não tinha nada.

Eu estava distraída com a paisagem, pensando na vida. Quando de repente apareceu um Sari dobrado em cima da mesa na minha frente. Eu olhei para o Sari e pensei de onde tinha vindo isso. Imediatamente olhei para o lado esquerdo e quem estava lá?

Amado Guruji!

Ele estava sentado em uma poltrona em um nível mais elevado do chão, como se fosse um palco. Parecia que ali haveria algum evento em breve e que ele falaria para todos do palco. E eu estava sentada já no local onde estariam todas as pessoas para ouvi-lo.

Acontece que quando olhei para ele, fiquei completamente estática e sem conseguir falar. O meu coração se aqueceu de tal forma que não existem palavras para explicar.

A única palavra que me vem em mente quando lembro dessa sensação é "ENCANTAMENTO".

Eu estava hipnotizada de amor. Meu coração estava vibrando, provavelmente o chacra cardíaco expandido até o universo de tão ativo. Agora mesmo, só de lembrar começo a chorar pois a saudade é imensa. É inexplicável o amor que sinto pelo Guruji.

Entendi perfeitamente o sentimento que Kamadhenu Das dizia que tinha por Guruji. Que o amor era maior do que tudo.

Guruji tentou puxar assunto comigo, perguntando como estava o meu dia, fazendo perguntas aleatórias. Ele falava português com sotaque, era difícil de entender. E eu só respondia que estava tudo bem. Não conseguia pensar em nada.

Após esse sonho passei o dia todo em altíssima vibração, sentindo a presença Dele comigo sempre.

Alguns devotos me explicaram que muitos chegam na frente de Guruji com uma lista de perguntas para fazer sobre a vida, mas quando o veem esquecem de tudo e nada mais faz sentido ser perguntado. Um dia Guruji explicou porquê isso acontece: "Ele é a resposta para todas as perguntas!"

Agora, estudando no curso de devotos, estudando o Bhagavad Gita e o Guru Gita, entendo que o Guru é a chance que temos de experimentar o Amor por Deus. Que ele é a representação de Deus.

Agora entendi verdadeiramente o que é Amar a Deus sobre todas as coisas. Na teoria parece fácil, mas na prática poucos tem essa oportunidade, de sentir esse amor verdadeiro. Que é possível de ser experimentado através do Guru.

Guruji me disse por intuição que eu deveria parar com absolutamente tudo o que fazia relacionado a práticas espirituais, leituras ou terapias. Pois Ele é Grande Demais, e com Ele em minha vida, não há espaço para mais nada disso. Além de que o tempo que tenho para me dedicar a praticar tudo que Ele me ensina, acaba nem sendo suficiente para completar todos os objetivos do dia.

Estou transformando a minha vida através da devoção.
Posso dizer hoje que as orações que faço, tudo, desde o incenso que acendo até o mantra que entoo, é com Amor Verdadeiro.

Sabemos dos desafios que o mundo nos trará nos próximos dias, meses e anos... e manter a nós mesmos em alta vibração será o maior desafio. Apenas com Guruji e o que Ele me ensina, estou conseguindo alcançar isso, depois de muitos anos buscando.

Hoje consegui incorporar em minha vida apenas algumas práticas da rotina de um devoto iniciado, e meu objetivo é me dedicar mais e mais, para vivenciar por completo esse Amor.

Por muitos anos critiquei algumas pessoas que se entregavam a gurus e líderes espirituais. Agora entendo a diferença. Gurus não são Mestres Ascensionados, a não ser que sejam Sat Gurus. E esse sim, o Sat Guru, é algo muitíssimo raro de se encontrar.

Entregar-se a alguém humano, ao meu ver, é um caminho que não leva à libertação do Karma e à realização espiritual. Mas entregar-se em devoção a um Sat Guru, sim é a oportunidade que temos em vida de experimentar o verdadeiro Amor.

Gratidão Guruji!

Michele Martini - outubro de 2022.